Ah, meu amor (enquanto sinto uma mão na minha cabeça), você com suas palavras em busca de um amontoado de sentido-letra.
(Percorre meu corpo uma água quente)
Ah, amor, então você quer colocar a vida numa gaiola, é isso? Dar nome a tudo e, depois de nomear, dar manual e bula e mapa. E ligar o gps até o tédio.
(Abro os olhos e vejo seus pés)
Então, você, menina, quer fazer fila com os mistérios e ordenar cada um por tamanho? Quer comprar potes de acrílico pros mistérios miúdos? Etiquetar a validade dos mistérios?
(As mãos nas minhas costas)
Pois você verá um portal e não saberá o nome. Só saberá que só se passa dançando.
(Arranca meu elástico e solta meus cabelos. Ergue meu queixo e diz algo que não ouço)
Você, organizadora dos milagres, o que vai fazer agora com o que viu aqui? Você, cética dos milagres, vai acreditar agora nas dormências e nas linhas azuis que sempre sentiu atravessar os olhos?
...
Talvez eu consiga explicar o que aconteceu hoje. Mas talvez (espero) eu nunca queira.
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