jantei pringles com cerveja
eu sou ótima em mergulhar no caos
em busca de menos montanha russa e mais carrossel
eu cutuco feridas
não se iluda com minha lista de livros lidos
fim-começo do ano e eu não fiz um dia de exercício físico. bebi quase todos os dias. estou comendo batata frita como se fosse arroz e feijão. na cara, só protetor solar. alguns litros de café. a cama e o pijama estão colados em mim.
tem sido assim.
e tudo bem!
(paz amor good vibes)
NÃO! tudo bem, nada! eu tô de cara com a minha capacidade de tudo ou nada e do tanto que isso me faz mal e não consigo mudar. eu estava quase zerada no álcool durante a semana, exercício todo dia, pele lindona e alimentação massa! tava me sentindo linda, motivada e super bem. vagou uns dias, o mundo parou e eu fui pro extremo oposto.
postei minha lista de livros lidos em 2022, mas preciso contar que passei 2 meses sem ler uma linha e depois li um livro a cada dois dias e depois parei e fiquei 2 meses sem ler uma linha e assim por diante.
esse comportamento tudo ou nada faz com que eu esteja sempre numa dinâmica de privação ou culpa. eu isolo atividades de bem-estar em rotinas ideiais e, caso essa rotina esteja trincada, já abandono todas com voracidade. tudo ou nada e não consigo pensar em uma caminhada de 20 minutos ou um dia sem fazer o ‘brinde’ no fim do dia. uma dinâmica de privação e culpa pode parecer normal para muita gente. acho, inclusive, que é uma dinâmica muito comum entre adultos. sem os guardiões, munidos do poder de fazer ou não fazer, estabelecemos um algoz interno e damos férias a ele. meu algoz está de recesso, logo como essa pringles com cerveja e chamo de jantar. meu algoz viajou para um hotel, então passo dias com dor nas costas, mas não alongo o pescoço pra aproveitar as férias. meu algoz está tirando cochilos toda tarde, então deixo de passar os cremes que me impedem de ter espinhas e vejo minha pele piorar a cada dia e eu cutuco todas elas.
meu algoz. quem é você? alguém que, vigilante, cuida para que eu me cuide? alguém que me castiga? a quem dou satisfação? você existe onde em mim? nas minhas férias, abandono o que me faz bem para me entregar a movimentos autodestrutivos só porque sou “permitida”? que jeito mais bobo de ser adulto. que adulta boba eu sou! precisei inventar bedel pra não me abandonar em rotinas de prazer imediatistas.
eu queria mesmo conseguir o hábito, a rotina, o prática incorporada como uma segunda natureza. um jeito de estar em harmonia. um carrossel ao invés de montanha russa. um balanço ao invés de gangorra.
pode parecer chato. pra mim, seria um imenso descanso.
Reflexão perfeita para o momento 🥰
Estou na mesmíssima vibe, Li. Por pior que seja, obrigada por fazer com que eu não me sinta sozinha nessa.